Já lá longe nos tempos, se formou um clube com o intuito de fazer coisas em grande e em segredo… Esse clube - disseram os seus fundadores, estava aberto a todos e todos eram tratados como iguais… Mas tinham que saber guardar muito bem os segredos que por lá se partilhavam, pois no dia em que eles fossem do conhecimento de todos o clube soçobraria.
Tinha mais, haveremos de fazer o melhor para os outros em troca da sua simpatia – Disseram eles, vangloriando-se da sua nobre causa.
Não pretendo afrontar os seus criadores, mas uma vez que esse clube ainda hoje existe com o mesmo intuito e força de lei, importa que se busque apurar se os pilares ainda se mantém no devido lugar, não vá a obra perecer por falta de atenção.
Muito mais se poderia dizer sobre este clube, mas o que julgo ser da maior importância é a análise do seu processo que se caracteriza pelo secretismo. Como pode a matéria funcionar, se continuamente se abusa do seu uso indevido, esperando que o hábito faça as engrenagens fluir como se não tivessem conhecido uso que não fosse o contrário ao seu próprio ser, que na verdade é o que o caracteriza.
Este clube chamava-se república, movia-se num processo que se queria democrático. Mas haverá alguém que tenha a capacidade de fazer entender que esta fatídica correlação entre democracia e secretismo se mostra corruptível em duplo sentido? Alerto apenas, pois corre-se o risco de que os segredos façam parte dos assuntos públicos e por seu lado os assuntos públicos se confundam também com segredos…
Ricardo Silva